Há um bom tempo, se iniciou certa obra com a promessa de que renovaria a cara da cidade do Rio de Janeiro. Essa obra tinha o nome de “Porto Maravilha”. O início da mesma se deu em 2012. A finalização e reinauguração do local ocorreram em meados de 2015. Supostos confrontos contra o governo atuante envolvendo questões como demolição do Morro da Providência, desapropriação de famílias sem o devido amparo para as mesmas, resultando em processos numerosos contra o município, trouxeram atrasos para a conclusão da obra. No entanto, a obra foi concluída. O prefeito fora muito criticado de início, mas resolveu seguir com a construção, dizendo que seria o anúncio de uma nova era para a cidade e também para o Brasil. O tempo mostraria o quão grande era o equívoco dito por ele.

     2015. A Copa do Mundo do ano anterior foi um evento marcante na história nacional. Nunca foi visto um número tão vasto de estrangeiros no país. A economia decolou por completo. O país nunca teve uma balança comercial tão alta em sua história. Porém, o tão esperado hexa campeonato não veio. A nação nunca esteve tão, futilmente, enfurecida. Com o passar do tempo, o brasileiro foi aprendendo a dar valor a esportes de maior força econômica. Esse maior investimento se estendeu mais tarde à cultura e a várias outras áreas. O Brasil parecia tomar um rumo correto e uniforme. Parecia...

    2040. A depredação tomou conta do porto. Casos constantes de vandalismo, vários protestos finalizados com quebra-quebra e o descuido por parte dos transeuntes foram as principais causas. As pessoas pedem, hoje, por uma nova revitalização do local, sem saber que a maioria dos problemas foi causada pelo mesmo povo. A população culpa o prefeito atual e, principalmente, seu partido, por não manterem o bom crescimento econômico da cidade, cujo vinha se mantendo por quase três décadas. A cidade está superlotada, a criminalidade parece que foi apenas camuflada durante todos esses anos, pois, até dentro do bem se acha o mal. Novas milícias se formaram, e a suposta paz das favelas acabou. O povo como um todo se revolta, porém, já se parece tarde demais...

     O sistema corrupto que hoje vigora é apenas um dos filhos daquilo que todos nós acabamos plantando sem saber. Nossos filhos cresceram aprendendo que tudo pode ser feito na última hora. Que o conhecido “jeitinho brasileiro” sempre dá certo. Que gritar impõe superioridade, e que obedecer sem questionar é o correto. Nós percebemos, mas já era tarde. Tudo resultaria nisto. Um futuro condenado por um presente ilusório.



Claudio Luiz