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Leopoldina, a marca do abandono

          A busca pelo desenvolvimento é uma marca da sociedade atual. Procuramos, a todo o momento, meios de nos modernizar em vários aspectos. O ambiente em que vivemos não escapa e sofre, sem qualquer pudor, as alterações que julgamos necessárias. Neste desenfreado processo, vemos a perda da nossa identidade construída ao decorrer dos anos. Com o consentimento do Governo, vamos à concretização deste processo, sem quaisquer preocupações.
          Prédios históricos são esquecidos em meio à selva de concreto, que cresce a cada dia. É uma espécie de uniformização da paisagem, que baseia em prédios compactos e altos, para acomodar o maior número de pessoas. Empilhamento de seres humanos que nos é vendido com evolução.
          Com o advento dessa nova tendência, podemos observar o esquecimento da arquitetura clássica. Um exemplo disso é a nossa querida Estação Leopoldina, antes tão imponente, hoje, se esconde embaixo de pichações e cartazes. No centro do caos urbano, presenciando todas suas facetas. O que era uma das estações auxiliadoras na construção desta nação, hoje, está predestinada ao descaso.
          É aspectos como esse que fazem com que uma questão me venha à cabeça. Será que estamos negligenciando nossa herança e perdendo marcas importantes do antigo Rio de Janeiro?
          Leopoldina, antes chamada de Estação Barão de Mauá, foi construída em 1854, por aquele que deu seu nome a mesma. Inaugurada em 1897, unia o porto à região serrana, em uma das rotas mais importantes do país. Atualmente, passou a ser comandada pela SuperVia, durando até 2004, quando pereceu à má administração característica da empresa.
          De 2004 para cá, podemos ver as mudanças na estação. Vitrais quebrados, rabiscos por todos os lados, cartazes de propaganda, alojamento para mendigos, zona de prostituição, entre outras coisas. Uma verdadeira tela em branco para todo tipo de vandalismo e atividade ilegal.
            Em uma situação dessas, consequentemente outra pergunta me vem a mente: E os órgãos responsáveis pelo patrimônio histórico, onde estão?
A Leopoldina é apenas um exemplo, mas casos como esses são vistos por toda a cidade. Casarões, cortiços e sobrados que contam a nossa história e estão às moscas. Memórias de anos, perdidas na poeira.
          Parece que todos fazem vista grossa diante dos problemas que já temos. Todos os olhares voltam-se para as obras monumentais. Estádios, praças, estátuas. Construindo o Rio que os turistas querem ver.
Pelas ruas podemos presenciar o "embonecamento" da cidade onde vivemos. Algo como esconder a sujeira debaixo do tapete.
          É evidente que a preocupação com o que nós já temos vem sendo adiada, mascarada pelas promessas. Esse é o preço que pagamos para sediar uma Copa do Mundo, as Olimpíadas e passarmos por uma eleição. Promessas como a do Porto Maravilha, que promete a revitalização de toda aquela área, incluindo a Leopoldina.
          Acredite quem quiser, há projetos que incluem a estação como plataforma para trem bala. Trem bala que nós, sequer, possuímos.
Como tudo neste país, nos basta esperar. Apenas.
          Fica a minha indignação como cidadã. É triste ver nossos representantes esquecerem nossa história, nosso passado. Sei que causas como essa não despertam o interesse público por diversos motivos, afinal, estamos às vésperas de um evento internacional e a palavra da vez é renovação. A todo custo.
          Esta é apenas a crítica a um dos milhares de pontos que abrangem o tema abandono, tão recorrente no Rio de Janeiro.
Como dizia Renato Russo: “Fica poeira se escondendo pelos cantos”.
Este é o nosso mundo: o que é demais nunca é o bastante ‘
          Deixemos eles nos imporem a renovação e veremos o que nos restará quando a luz dos holofotes se apagarem. Talvez os mesmos problemas de sempre, talvez não. Quem sabe?



Lais Louven

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