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O progresso ou mais atraso?

          A zona portuária da cidade do Rio de Janeiro é vista por todos como uma área que necessita de melhorias. Vários projetos foram esboçados, mas nenhum deles conseguiu sair do papel, aumentando a situação de abandono e degradação do local. Contudo, esse cenário está com seus dias contados.
          A ‘Operação Urbana Porto Maravilha’ foi criada pela Lei Municipal nº 101/2009, e, em sua definição formal, tem como finalidade "promover a reestruturação local, por meio da ampliação, articulação e requalificação dos espaços públicos da região, visando à melhoria da qualidade de vida de seus atuais e futuros moradores e à sustentabilidade ambiental e socioeconômica da área".
          O projeto realizado pela prefeitura do Rio de Janeiro, junto com os governos Federal e Estadual, contando ainda com a ajuda de algumas empresas privadas, atua no espaço limitado pelas Avenidas Presidente Vargas, Rodrigues Alves, Rio Branco e Francisco Bicalho - ou seja, uma área que compreende cinco milhões de metros quadrados. A operação tem como um de seus objetivos a construção de prédios residenciais e comerciais, aumentando o número de pessoas na Zona Portuária e aquecendo a economia da região.
          O programa que reurbanizará a zona portuária investirá na reconstrução de redes de infraestrutura. As obras maiores são: a construção de quatro quilômetros de túneis, demolição do elevado da Perimetral, que liga o bairro do Caju à região da Praça XV, no centro da cidade do Rio de Janeiro; melhoria de 70 quilômetros de vias e a construção de três novas estações de tratamento de esgoto. Além disso, a implantação de ciclovias, o plantio de 15.000 árvores e a construção de quilômetros e mais quilômetros de calçadas fazem parte da operação urbana que reformulará a zona do porto do Rio de Janeiro.
          Consta também no projeto, serviços de melhoria da qualidade de vida da população local, como a conservação e manutenção das praças, pontos, monumentos turísticos, históricos e geográficos.
          Vinte e dois projetos de melhorias já foram aprovados pela prefeitura, dentre eles estão as obras do Museu do Amanhã, no Píer Mauá, o Museu de Arte do Rio Janeiro, a Pinacoteca do Palacete Dom João VI, a Vila de Mídia, para as olimpíadas de 2016, e a criação do AquaRio, que promete ser o maior aquário da América latina.
          O Túnel Ferroviário da Gamboa, conhecido como Túnel da Marítima, será totalmente remodelado e adaptado para a passagem de veículos. O túnel é um dos pontos pelo qual o VLT vai circular, ligando a Avenida Pedro II à Gamboa, passando sob o Morro da Previdência.
          A cidade do Rio de Janeiro vive um momento especial de oportunidades, resultado da Operação Urbana Porto Maravilha. Aproveitando o projeto de reurbanização da Zona Portuária foi criado um programa nomeado de “Projeto Porto Maravilha Cidadão”, com a parceria do SEBRAE, objetivando a criação de condições para a chegada de novos empreendedores.
Que maravilha! Tudo ótimo para a população. Será?

          Talvez, uma definição que resuma o que os moradores da região, ou mesmo pessoas que não morem na zona portuária, estão sentindo é: o projeto Porto Maravilha tem como principal objetivo “matar” a cultura da região, além de deixar o local mais bonitinho para os turistas que vão “baixar” aqui nos próximos anos. Os eventos que ocorrerão no Rio de Janeiro são mais importantes do que saúde pública, educação decente, segurança e boas condições de moradia da população? Parece que sim.
          O projeto visa maravilhas para a região portuária, mas ao mesmo tempo vai prejudicar a população local. As pessoas que moram nos Morros da Providência, Conceição, Livramento e Pinto, e que abandonarão suas casas para serem demolidas, terão para onde ir? O governo promete melhorias, mas será que se preocupa com o povo estar feliz com a situação? O que o governo REALMENTE vai fazer por essas famílias?
          É ótimo que o governo faça alguma coisa para melhorar a qualidade de vida dos cariocas, mas a intenção REAL deste programa não é essa. Sejamos francos, o objetivo é embelezar a “porta de entrada” do Rio de Janeiro. Mas se de alguma forma trará benefícios à população, isso é bom, não? Não. Pense bem: será que as famílias que serão retiradas de suas casas, depois poderão voltar? Se a área vai ficar linda e maravilhosa, você acha que as pessoas conseguirão retornar para suas antigas moradias?
          Pense bem! O que é bom para alguns nem sempre é bom para outros. Será muito bom para os turistas, para o governo e para parte da população, mas pense nas pessoas que arranjarão problemas respiratórios ao redor das obras, nas pessoas que terão de abandonar suas casas e não possuirão uma casa bonita, limpinha e fresquinha esperando por elas ao fim do dia. Ao mesmo tempo, reflita sobre a quantidade de empregos que o projeto Porto Maravilha gerará.
          O que será melhor para a população do Rio de Janeiro? O programa não está atingindo somente a área do porto, mas a cidade inteira. Projetos e obras estão sendo realizados, mas ninguém sabe a causa. Muitas pessoas acreditam que as mudanças estão ocorrendo por conta do período de eleições, outras por causa das Olimpíadas e outros eventos importantes que acontecerão. Que tal passar a informar a população, mesmo a que não vive no local, o que é o tal projeto que reurbanizará a zona portuária e que trará consequências para a cidade inteira?
          Será que já não está na hora de informar a população sobre a verdade? Deixar ciente de que há vantagens e desvantagens. Há coisas boas e ruins, e nada nem ninguém está livre de erros. Se existem boas causas a alcançar com tudo isso são a evolução e o desenvolvimento. O desenvolvimento é, primeiramente, interno. Primeiro, dentro de cada um, depois nas famílias, nos bairros, nas cidades, nos estados e no país todo. Mas essas mudanças têm de ser para melhor.
          Pense no projeto Porto Maravilha como um passo para o desenvolvimento no ponto em que atravessa a economia do país, mas como um passo para o atraso no ponto em que ele se cruza com as vidas de pessoas simples, humildes, que, saindo dali, não terão para onde ir. Se você conseguir pensar no programa, visualizando-o de todos os pontos, nos fará sorrir por estar fazendo uma coisa muito simples, mas que tenta bloquear a todo custo a padronização geral. Você estará pensando!
Então, pense! Para o futuro de todos. E responda: o progresso ou mais atraso?



Juliana Licurgo e Thayanne Aquila

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